CURITIBA AND THE SMART CITY AGENDA: WHAT IS THE REAL IMPACT ON THE POPULATION?
Natália Caldas Reis da Paixão[1]
RESUMO
Amplamente divulgado nas redes sociais e sites da Prefeitura de Curitiba, no dia 08 de novembro de 2023 Curitiba recebeu o principal prêmio do World Smart City Awards, na categoria “Cidades”, pelas políticas públicas, ações e programas de planejamento urbano inteligentes, em Barcelona na Espanha concedido pela Fira Barcelona, é considerada a principal premiação de cidades inteligentes do mundo. O título de cidade mais inteligente do mundo ascendeu algumas discussões de críticos que questionavam os critérios que concederam o título à cidade como uma Smart City. O objetivo deste estudo foi identificar estes critérios, mas não somente isto, e também a aplicação destes na prática, os seus efeitos no cotidiano do povo curitibano, além de entender a importância do próprio título em si.
Palavras-chave: Cidades Inteligentes; Políticas Públicas; Curitiba; Título.
ABSTRACT
Widely publicized on social media and the Curitiba City Hall website, on November 8, 2023, Curitiba received the top prize at the World Smart City Awards in the “Cities” category for its smart urban planning programs, actions, and public policies. Awarded by Fira Barcelona, the award is considered the world’s leading smart city award. The title of world’s smartest city sparked debate among critics who questioned the criteria that granted the city the title. The objective of this study was to identify these criteria, but not only this, but also their practical application, their impact on the daily lives of the people of Curitiba, and to understand the importance of the title itself.
Keywords: Smart Cities; Public Policies; Curitiba; Title.
1 INTRODUÇÃO
Em desenvolvimento nas últimas duas décadas, o conceito de Cidade Inteligente não está claramente definido e nem amplamente aceito, mas segundo Batty et al. (2012), este seria a integração de ideias sobre como as tecnologias de informação e comunicação podem melhorar o funcionamento das cidades aumentando a sua eficiência, melhorando a sua competitividade e proporcionando novas formas de resolver problemas de pobreza e problemas sociais. Também multifacetadas como cidades inteligentes, cidades virtuais, cidades digitais, cidades da informação, são todas perspectivas sobre a ideia de que as tecnologias de informação e comunicação (TICs), são centrais para o funcionamento da cidade do futuro. Para o autor essas tecnologias até então foram utilizadas separadamente, mas que têm sinergias claras no seu funcionamento e precisam ser acopladas para que muitas novas oportunidades que irão melhorar a qualidade de vida possam ser concretizadas.
Abordando o conceito smart sustainable city (cidade inteligente sustentável), Freitas e Silva (2019), informam que a cidade inovadora ela utiliza as TICs e outros meios para melhorar a qualidade de vida, a eficiência da operação, serviços urbanos e a competitividade, com o objetivo final de que a cidade atenda às necessidades não somente das gerações presentes, mas também das futuras “respeitando aspectos econômicos, sociais e ambientais” e que o conceito é um ecossistema complexo composto de muitos interessados, incluindo cidadãos, autoridades municipais, empresas locais e grupos da indústria e da comunidade. Os autores ainda enfatizam que para o efetivo desenvolvimento de uma cidade inteligente é necessário a implementação de uma organização dentro da administração pública e “que fomente a transversalidade entre as áreas funcionais e que esta deve estar aliada com a visão do modelo de cidade”.
Segundo o IBGE (2023), com uma população em 2022 de 1.773.718 habitantes, Curitiba tem uma densidade demográfica de 4.078,53 habitantes por quilômetro quadrado. Na comparação com outros municípios do estado, ficava nas posições 1 e 1 de 399 municípios. Já na comparação com municípios de todo o país, ficava nas posições 8 e 23 de 5.570 municípios. Composta por 29 municípios, a região metropolitana de Curitiba concentra atualmente 31,1% da população de todo o Paraná (quase um terço do total). Assim como as demais cidades urbanas super-habitadas, Curitiba também está na busca pela mitigação das implicações advindas com o crescimento urbano desordenado, fatores que fizeram com que em 2020 a cidade aderisse à Meta 2020 do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima e lançou em 2020 o Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas, o PlanClima – que reúne 20 ações prioritárias, como a regulamentação para edificações adaptadas às ameaças climáticas e o incentivo à eficiência energética e ao uso de energia de fontes renováveis.
Paralelo às ações sustentáveis, Curitiba almeja lugar de destaque não somente como cidade sustentável pari passu a uma cidade moderna adepta da tecnologia da informação e comunicação. Neste contexto, Segundo Curitiba (2018), a cidade se apresenta como finalista em diferentes categorias, do World Smart City Awards – evento anual com competição internacional que procura reconhecer projetos, ideias e estratégias pioneiras que tornem as cidades de todo o mundo mais habitáveis, sustentáveis e economicamente viáveis.
Organizado pela Fira de Barcelona, uma das organizações de feiras mais importantes da Europa, com um recorde de 411 inscrições enviadas de 63 países de todo o mundo, no dia 08/11/2023 em Barcelona na Espanha, Curitiba recebeu o prêmio na categoria “Cidades”, de Cidade Mais Inteligente do Mundo de 2023 pelas políticas públicas, ações e programas de planejamento urbano inteligentes da Prefeitura de Curitiba voltados ao crescimento socioeconômico e à sustentabilidade ambiental.

Figura 1: Mobilidade Sustentável, publicada no sítio eletrônico da Prefeitura de Curitiba
Segundo Curitiba (2023), com projetos inovadores e sustentáveis, Curitiba apresenta desde 2018 soluções urbanas voltadas ao crescimento socioeconômico e à sustentabilidade ambiental. Entre os projetos estão em 2018 A Agricultura Urbana Horta do Chef, que incentiva agricultores urbanos a venderem parte dos alimentos que cultivam em restaurantes da cidade. Em 2019 O Vale do Pinhão – movimento que integrou o ecossistema de inovação curitibano. Em 2021 O Plano de Retomada Econômica de Curitiba sobre iniciativas relacionadas à covid-19, por contribuir para o sucesso da transformação, adaptação ou resposta da cidade à pandemia. Em 2022 O Plano de Segurança Alimentar e Nutricional – Agricultura Urbana e Desenvolvimento Social, que inclui iniciativas como a Fazenda Urbana, suas 145 hortas urbanas, Jardins de Mel, Mesa Solidária e Banco de Alimentos. E em 2023 o vencedor Cidade Sustentável – pelas políticas públicas, ações e programas de planejamento urbano inteligentes.

Figura 2: Vale do Pinhão publicada no sítio eletrônico da Prefeitura de Curitiba
2 OS CRITÉRIOS PARA UMA SMART CITY
As recentes pesquisas sobre Smart Citys indicam que estas emergiram, segundo Lazzaretti et al. (2019), com o intuito de mitigar os problemas gerados pelo crescimento rápido e desordenado das populações urbanas, os autores ainda pontuam que estas cidades devem ter determinadas características que as diferenciam das demais como: a utilização da infraestrutura de rede para melhorar a eficiência econômica e política e permitir o desenvolvimento social, cultural e urbano; possui uma ênfase subjacente no desenvolvimento urbano conduzido pelos negócios; um forte foco no objetivo de conseguir a inclusão social de vários residentes urbanos em serviços públicos; ênfase no papel crucial das indústrias de alta tecnologia e criativas no crescimento urbano de longo prazo; uma profunda atenção ao papel do capital social e relacional no desenvolvimento urbano; e a sustentabilidade social e ambiental como um componente estratégico importante.
Freitas e Silva (2019), defendem um conceito não taxativo, “O conceito é dinâmico e evolutivo. Trata-se de uma ideia aberta e em construção. O que se entende por cidade inteligente no Brasil pode não ser o mesmo que na Dinamarca, por exemplo”, mas citam cidades com diversas características e projetos inovadores que destacam-se como cidades inteligentes: como os serviços de computação em nuvem, que aproveita a implementação de uma infraestrutura, que geralmente inclui poderosos dispositivos de processamento e gateways para coletar e comunicar dados, muito utilizado em Barcelona na Espanha.
Gabriel et al. (2019), em levantamento acerca de um plano que norteasse governos, sociedade e iniciativa privada a refletir e direcionar melhor seus esforços e investimentos de forma sustentável, apresentaram um plano estrutural para transformação de cidades tradicionais em cidades inteligentes e sustentáveis, no qual intitularam “Pilar das Cidades Inteligentes” baseado em pesquisadores, normas e entidades para determinar características que, segundo os autores, são globais: ambiente inteligente, economia inteligente, mobilidade inteligente, pessoas inteligentes, vida inteligente, governança inteligente, comercio inteligente e comunicação inteligente.
O Smart City Expo World Congress define oito trilhas como critérios essenciais para uma cidade inteligente. “Habilitando Tecnologias” destaca o uso de inovações digitais e imersivas como o metaverso. “Energia e Meio Ambiente” prioriza fontes renováveis, descarbonização e economia circular. “Mobilidade” busca soluções conectadas e sustentáveis com foco humano. “Governança e Economia” valoriza a participação cidadã e ferramentas digitais. “Vida e Inclusão” exige políticas voltadas à equidade e diversidade. “Infraestrutura e Construção” visa a neutralidade climática no setor. “Segurança” envolve a proteção cibernética urbana. Por fim, a “Economia Azul” propõe o uso sustentável dos oceanos com recuperação ambiental.
2.1 Curitiba uma Smart City?
Para Curitiba (2023), nos últimos anos a cidade vem investindo em iniciativas para se tornar uma cidade inteligente, dentre estas ações estão: o Vale do Pinhão – criado em 2017, integrou o ecossistema de inovação curitibano. Abrange ações do programa Cidade das Startups, que contribui para o desenvolvimento de suas 604 startups, sendo três delas unicórnios (Ebanx, Olist e MadeiraMadeira), companhias com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão. O programa tem uma média de 991 mil atendimentos mensais e cerca de 210 mil Microempreendedores Individuais (MEIs), formalmente cadastrados.
Uma das ações mais palpáveis de integração da participação popular com a governança local é o Programa Fala Curitiba – onde sua ideia central é a participação da população. Lançado em maio de 2017, o programa é coordenado pelo Instituto Municipal de Administração Pública e objetiva ouvir a vontade da população quanto às propostas das leis orçamentárias do Município, ampliar o debate e direcionar a indicação de demandas priorizadas por uma comunidade, considerando as características específicas dos seus 75 bairros. É dividido em duas etapas por ano: consulta sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, que define as principais indicações, sem maiores aprofundamentos; e, a segunda, sobre a Lei do Orçamento Anual – LOA, que faz o detalhamento das prioridades, em uma sequência de diferentes fases.
Segundo dados do sítio eletrônico da Prefeitura de Curitiba (2023), alinhado diretamente aos projetos do grupo C40 de Grandes Cidades para a Liderança Climática, e selecionado para apoio na elaboração, está o Programa Curitiba Mais Energia, que visa disseminar o uso da energia renovável na cidade e conta com a implantação de módulos fotovoltaicos, e o pioneiro projeto da Usina Solar do Caximba no aterro sanitário desativado desde 2010. Tem quase 8,6 mil painéis, é a primeira usina solar em aterro sanitário da América Latina e o projeto segue as regras de Geração Distribuída da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é financiado pelo Ministério Federal Alemão para o Desenvolvimento Econômico e Cooperação (BMZ), pelo Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido (BEIS) e pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que são facilitadores e apoiam cidades no desenvolvimento de projetos para reduzir as emissões de gases e frear o aumento da temperatura global. A energia é injetada na rede de distribuição da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) e o valor é abatido da conta de energia do município, efetivando uma economia estimada mensalmente de 30% sobre o valor da conta de energia dos prédios públicos do município, o que pode representar, por ano, R$ 2,650 milhões.
No mesmo bairro está o Programa de Gestão Climática do Bairro Novo da Caximba. Chamado de “maior intervenção socioambiental da história recente de Curitiba” pelos gestores e idealizadores, o programa tem como principal objetivo interromper o processo de degradação ambiental da área de Preservação Ambiental (APA), e promover a transformação urbana e humana da comunidade local. A região onde se concentra o projeto começou a ser ocupada de forma irregular há 12 anos e compreende cerca de 1.693 famílias da Vila 29 de Outubro com a construção de habitações clandestinas sobre áreas de alagamento atingindo direta e indiretamente as maiores bacias hidrográficas do Paraná, bacias dos rios Barigui e Iguaçu.

Figura 3: Programa de Gestão Climática Bairro Novo Caximba publicada no sítio eletrônico do Unidade Técnico Administrativa de Gerenciamento (UTAG)
O conjunto das ações envolve a transferência das famílias da faixa não edificável para terrenos em áreas passíveis de urbanização, a implantação de um dique de contenção de cheias, a construção de um parque linear, urbanização da zona edificável, adequação viária e infraestrutura de transporte, de saneamento e de abastecimento de água e energia elétrica e ações de desenvolvimento urbano e regularização fundiária do núcleo comunitário, a partir da implementação de obras de infraestrutura e macrodrenagem urbana, além de mecanismos do Projeto do Trabalho Social, que irá proporcionar inclusão e melhoria das condições socioeconômicas e de habitabilidade na região. A prefeitura recorreu à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) para financiar o Projeto de Gestão de Risco Climático Bairro Novo do Caximba (PGRC). O financiamento, no valor de US$ 42,8 milhões, mais US$ 10,7 milhões em contrapartidas da prefeitura, será aplicado na construção de 1.147 novas habitações, além da reurbanização da área da Vila 29 de Outubro, reassentamento e regularização fundiária de 546 casas e na recuperação da Área de Preservação Ambiental do Rio Iguaçu e Barigui, com a construção de um parque linear e amplas áreas de lazer, esporte e convivência.
Sobre a tecnologia da informação diretamente ligada à vida cotidiana da população curitibana, a cidade aposta em projetos e programas de Governo Eletrônico (e-Gov), que utilizam a Tecnologia da Informação (TI) para tornar os serviços públicos mais acessíveis à população. Utilizando-se da base de dados da prefeitura de Curitiba, o e-Cidadão, porta de entrada para todos os serviços eletrônicos da Prefeitura, oferece aplicações para solicitar serviços digitais de forma segura e simples, e dentre os serviços integrados à plataforma estão o Curitiba App, Central 156, Nota Curitibana, e o revolucionário App Saúde Já, que promete facilitar o acesso dos usuários do SUS ao primeiro atendimento com equipes de odontologia e de enfermagem nas Unidades de Saúde de Curitiba inicialmente, com potencial progressivo de expansão para toda a rede de atendimento primário.
Vale ressaltar ainda, o programa Curitiba Cidade Educadora, que faz parte da Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE), fundada em 1994, é uma Associação sem fins lucrativos constituída como uma estrutura permanente de colaboração entre governos locais que se comprometem a reger-se pelos princípios inscritos na Carta das Cidades Educadoras: o direito à cidade educadora, o compromisso da cidade e ao serviço integral das pessoas, e baseia-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); na Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965); no Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966), entre outros, e define Cidade Educadora como aquela que reconhece, promove e exerce um papel educador na vida das pessoas, tendo como compromisso e desafio permanente a formação integral de seus habitantes. A cidade educadora oferece a todos os seus habitantes uma formação sobre os valores e as práticas da cidadania democrática: o respeito, a tolerância, a participação, a responsabilidade e o interesse pela coisa pública, seus programas, seus bens e serviços.
E ainda, o Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba, que abrange: requalificação da infraestrutura viária, implantação de infraestruturas, alargamento de ruas, implantação de novas estações de tubos e construção de novos terminais. Financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para o Novo Inter 2 e do New Development Bank (NDB) para o Ligeirão Leste-Oeste, entre Pinhais e o Terminal CIC-Norte, e avança nos estudos sobre os tipos de veículos a serem implantados na cidade. Para o Projeto de Aumento da Capacidade e Velocidade da Linha Direta Inter 2 são US$ 133,4 milhões em investimentos, dos quais US$ 106,7 milhões financiados pelo BID e US$ 26,7 milhões em contrapartidas municipais. Além da descarbonização da frota que está alinhada ao objetivo de tornar a cidade mais sustentável ambientalmente, dentro do Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas de Curitiba (PlanClima), que prevê que 33% da frota de ônibus da cidade seja zero emissões até 2030, percentual que deve evoluir para 100% até 2050.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Podemos observar com base no que informa Batty et al. (2012) e Freitas e Silva (2019), que assim como o próprio conceito de Smart City, a aplicação prática deste só vem sendo amplamente difundido nas últimas décadas, isso implica dizer que Curitiba, assim como outras cidades, está tendo que desenvolver projetos e políticas públicas que não somente detenham as ações já provocadas pelos efeitos de uma urbanização desordenada, mas também integrá-los com projetos que também promovam o desenvolvimento econômico, tecnológico, ambiental e social das populações locais. Diante disto, é importante salientar a necessidade da implantação de novas tecnologias alinhadas com os propósitos da governança local para o alcance e adesão aos critérios de uma Smart City, conforme nos aponta Gabriel et al. (2019), do quanto a tecnologia é importante no vislumbre de minimizar o distanciamento “entre as mudanças que proporcionam oscilações e o processo de tomada de decisões, procurando equilibrar o sistema econômico e prevenindo desequilíbrios ambientais, sociais e urbanos”.
Diante do exposto é possível observar que a cidade de Curitiba nos últimos anos, tem implementado políticas públicas, projetos e ações que na prática fomentam mudanças positivas e palpáveis na vida diária da população curitibana se comparados com os critérios do Smart City Expo World Congress, conforme tabela abaixo e dados disponíveis no site corporativo da prefeitura:
Tabela 1: Comparativo dos critérios de uma Smart City e as ações e programas executados na prática
| Critério | Adesão na Prática |
| Habilitando Tecnologias | Projetos e programas de Governo Eletrônico (e-Gov): e-Cidadão; site da Finanças, o cidadão pode fazer emissão de notas fiscais, consulta e emissão de boletos do IPTU e Dívida Ativa, entre outros; Agenda Online é outra ferramenta que facilita a vida do curitibano, hora marcada para serviços presenciais de diversos serviços municipais; Saúde Já; Curitiba App; Central 156; Nota Curitibana; o EstaR eletrônico; e o Hipervisor Urbano de Curitiba que será uma plataforma de convergência e compartilhamento de dados públicos, munido de ferramentas capazes de coletar, processar e distribuir informações em formatos que permitam, a todas as áreas, gerir serviços em tempo real e permitir o planejamento de políticas públicas. |
| Energia e Meio Ambiente | Programa Curitiba Mais Energia – implantação de módulos fotovoltaicos, e o Projeto da Usina Solar do Caximba no aterro sanitário; |
| Mobilidade | Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba: Novo Inter 2 e implantação do Ligeirão Leste-Oeste, que também engloba a descarbonização da frota do transporte coletivo com os primeiros ônibus elétricos que devem começar a rodar em Curitiba a partir de junho de 2024 com a compra inicial de 70 ônibus elétricos e posterior eletrificação da frota de táxis. |
| Governança e Economia | Programa Fala Curitiba, onde a população pode expressar diretamente as necessidades dos seus bairros através de centrais itinerantes instaladas e divulgadas pelo bairro e através desses dados os gestores podem desenvolver as políticas públicas que atendam às necessidades da população; Programa Vale do Pinhão que integra incentivos ao empreendedorismo com a capacitação de empreendedores e usuários além de incentivos fiscais para a manutenção da atividade empresarial. |
| Vida e Inclusão | Destoando da maioria das cidades brasileiras, com longas filas para adquirir atendimento à atenção primária à saúde, é possível agendar consultas de enfermagem e odontologia através do aplicativo Saúde já, atualmente o aplicativo já disponibiliza os resultados de exames feitos na rede municipal, a ideia é que progressivamente o aplicativo se expanda e torne base para o acesso aos principais serviços de saúde do município. |
| Infraestrutura e construção | Programa de Gestão Climática do Bairro Novo da Caximba, diretamente o programa beneficiará 1.693 famílias e o seu objetivo é interromper o processo de degradação ambiental e promover a transformação urbana e humana da comunidade local. |
| Segurança | Hipervisor Urbano de Curitiba é a tecnologia já em fase de implantação pela Prefeitura de Curitiba e a Agência Francesa de Desenvolvimento, é uma plataforma de convergência e compartilhamento de dados com a integração de informações entre a Defesa Civil Municipal, a Segurança Pública com a já atuante Muralha Digital – programa da Prefeitura alia policiamento e tecnologia da informação com a Central de Controle Operacional (CCO) conectada a cerca de 1,9 mil câmeras instaladas em locais estratégicos com fluxo de pessoas, que já reduziram, segundo dados do site corporativo, em 40% a criminalidade onde estão dispostas. |
| Economia Azul | Com o programa Alimentação Saudável e Para Todos, Curitiba conta com 35 unidades de Armazéns da Família, que beneficiam 360 mil famílias com a comercialização de alimentos em média 30% mais baratos; 11 Sacolões da Família, com frutas, verduras e legumes com preço de referência a R$ 3,69 o quilo; 5 Restaurantes Populares, que oferecem 4,7 mil refeições diárias a em média R$ 3,00; 2 Fazendas Urbanas. |
Fonte: Produzido pela Autora.
Observa-se que a maioria dos programas fazem parte de políticas públicas implantadas de forma recente e que é necessário, no ciclo de políticas públicas, uma avaliação mais ampla que consistirá em base temporária e qualitativa para uma real dimensão de sua eficiência, por se tratar de políticas públicas, em sua maioria de governo, ou seja, não pautadas em leis em sentido estrito, e que ainda estão em desenvolvimento/construção, pois, conforme destaca Gabriel et al. (2019), uma cidade inteligente ela necessita de um plano estrutural por camadas desta forma para as gerações posteriores e/ou governantes e iniciativa privada posteriores, consigam se estruturar e dar continuidade a estas políticas públicas:
Não necessita seguir o fluxo por completo para tornar-se inteligente, mas, sua sequencial proporcionará um caminho afunilado, permitindo que governos e iniciativa privada encontrem as melhores práticas para desenvolverem e gerirem suas cidades, tornando-as mais inteligentes. (Gabriel et al. (2019).
Ademais, é de suma importância ainda, expor pontos de controvérsia nas questões dos custos financeiros e a privacidade dos usuários dos serviços públicos para se tornar uma Smart City. Freitas e Silva (2019), pontuam as desvantagens acerca das cidades inteligentes. Em suma, referente ao financiamento dos projetos e programas supramencionados implantados pela cidade de Curitiba, em sua maioria foram financiados por organismos internacionais em contrapartida com o município. O orçamento líquido de Curitiba é de R$ 11,3 bilhões para 2024 – 11% superior aos R$ 10,2 bilhões previstos na Lei Orçamentária Anual de 2023, um dos maiores do Brasil.
Outro ponto a ser levado em consideração, segundo Freitas e Silva (2019), é a privacidade das informações dos usuários das cidades inteligentes. Os autores descrevem que o uso da tecnologia na interferência na privacidade, por meio de coleta de dados sem o consentimento da pessoa e no controle das próprias informações levam a questões da quebra de sigilo de informações.
4 CONCLUSÃO
Na pesquisa foi possível identificar políticas públicas de moradia, segurança, econômicas e de alimentação que se materializaram em diversos programas implementados ao longo dos últimos anos. O estudo aponta também, que os programas já implementados precisam ser avaliados dentro do ciclo de políticas públicas para termos a real compreensão dos impactos na vida da população, os programas Mobilidade e Urbana, Gestão de Risco Climático do Bairro Novo da Caximba e Hipervisor Curitibano ainda estão em implantação, conforme acompanhamento no site corporativo da prefeitura, com conclusão de suas obras para os próximos anos, mas não retira o mérito de estar já atualmente causando impacto, como critérios de uma Smart City na vida dos Curitibanos.
Baseado nos fatos colhidos através da pesquisa documental, acredita-se que Curitiba tornar-se uma cidade inteligente não se trata apenas de um título ostentado nos sites corporativos e redes sociais da prefeitura, mas de fato e na prática esses programas trouxeram mudanças significativas na cidade com obras de infraestrutura para melhorar o transporte coletivo como um todo, moradias e alimentação de qualidade e acessível para a população em vulnerabilidade social, segurança, agilidade e desburocratização para a economia, integrando a tecnologia ao meio ambiente. Concluo, que a busca para a adesão aos critérios de uma Smart City é o caminho para as cidades terem sustentabilidade ambiental, econômica e social e também garantir o futuro não somente das gerações presentes, mas também das futuras.
FONTES DAS IMAGENS
Figura 1: Mobilidade Sustentável, publicada no sítio eletrônico da Prefeitura de Curitiba
Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticiasespeciais/curitiba-a-cidade-mais-inteligente-do-mundo-de-2023/49.
Figura 2: Vale do Pinhão publicada no sítio eletrônico da Prefeitura de Curitiba
Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/vale-do-pinhao-promove-geracao-de-empregos-e-capacitacao-profissional-em-curitiba/73274.
Figura 3: Programa de Gestão Climática Bairro Novo Caximba publicada no sítio eletrônico do Unidade Técnico Administrativa de Gerenciamento (UTAG)
Disponível em: https://utag.ippuc.org.br/index.php/novo-caximba-afd.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[1] Mestre em Planejamento e Governança Pública. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba. Paraná. Brasil. E-mail: naty.c.reis@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7195-2365.

Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba – Paraná
E-mail: naty.c.reis@hotmail.com.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7195-2365.

Como o WordPress me diz (como sempre) que “os comentários para este item estão fechados “, respondo aqui: Excelente trabalho. Guardei para referências futuras. Parabéns!
E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música. Friedrich Nietzsche PUCCI.’.
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Parabéns Natália! artigo muito didático, e completo.
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