Devemos deixar o “X”? Faut-il quitter “X”?

Na era digital, as redes sociais se tornaram espaços essenciais para o debate público. Elas permitem a rápida circulação de informações, fornecem uma plataforma para todos e incentivam a mobilização dos cidadãos. Mas são também  acusadas ​​de polarizar opiniões, promover desinformação e ameaçar o bom funcionamento da democracia.

Nesse contexto, a campanha HelloQuitteX questiona nossa relação com as plataformas e sua influência na sociedade. Lançada por David Chavalarias, pesquisador do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) – uma das instituições de pesquisa mais importantes do mundo – em janeiro de 2025, data da posse de Trump nos EUA. Esta campanha promete a possibilidade de sair do “X” (ex-Twitter) e direciona seus usuários para outras redes, como Bluesky ou Mastodon.

Por que algumas pessoas e organizações optaram por deixar o ‘X’ – como o jornal francês “Le Nouvel Obs” desde 20 de janeiro – e outras por ficar? Quais são as questões políticas, sociais e econômicas envolvidas? De forma mais ampla, qual é o impacto das redes sociais na democracia e na participação cidadã?

Fonte: (Source) https://www.socialter.fr/

A Fundação Jean-Jaurès, com sede em Paris, em parceria com o Théâtre de la Concorde e o Le Nouvel Obs, organizou em final de fevereiro deste ano, uma mesa redonda para debater os desafios colocados pelas redes sociais e imaginar coletivamente os caminhos para uma democracia digital mais saudável.

O debate público teve lugar no Théâtre de la Concorde, e os participantes convidados foram:

David Colon – historiador, professor associado da Sciences Po Paris, pesquisador do Sciences Po History Center, escritor.

Magali Payen – fundadora do movimento On est Prêt e porta voz da campanha HelloQuitteX.

Xavier de la Porte – jornalista, do Le Nouvel Obs.

A mesa redonda foi moderada por Antoine Bristielle, diretor do Observatório de Opinião da Fundação Jean Jaurès.

Debate no Théâtre de la Concorde. Foto: Bel Liviski

A Fundação Jean-Jaurès é um think tank (grupo de reflexão) francês associado ao Partido Socialista. Foi fundada em 1992, pelo seu primeiro presidente Pierre Mauroy. Em 2022, Jean-Marc Ayrault se tornou presidente da Fundação. “Pensar para Agir”: A instituição publica livros e organiza conferências e debates. “Nosso objetivo, como Fundação reconhecidamente de utilidade pública, é servir ao interesse geral. Para isso, mobilizamos autoridades públicas, políticos, especialistas e também os cidadãos. Incentivamos a troca de ideias e o compartilhamento de melhores práticas por meio de nossos debates, nossas produções e das nossas atividades de formação.

Por que deixar o ‘X’? O movimento “Nós estamos prontos” (On est Prêt), considera que, “sob o comando de Elon Musk, o ‘X’ se tornou uma máquina de manipulação de opiniões. Devemos nos recusar a ser cúmplices disto para retomar o controle, deixando o ‘X’ de forma coletiva para que tenhamos alternativas que respeitem a liberdade de expressão”.

“Os cientistas estão pedindo uma transformação rápida e profunda de nossas sociedades. E é essencial imaginar a nova sociedade que queremos estabelecer. On Est Prêt está se mobilizando maciçamente para trabalhar em direção a essa transformação vital.” (Magali Payen, fundadora).

“Les scientifiques appellent à une transformation rapide et profonde de nos sociétés. Et il est nécessaire d’imaginer la nouvelle société que nous souhaitons mettre en place. On Est Prêt mobilise massivement pour oeuvrer à cette transformation vitale.” (Magali Payen, fondatrice)

Fontes (Sources): https://www.onestpret.com/ Photo: https://www.ladn.eu/

“Vamos controlar o ‘X’ antes que ele sufoque as nossas democracias”

Em uma edição do semanário católico francês A Cruz, o debate sobre o tema defendendo a supressão do ‘X’ se apoia sobre os seguintes argumentos:

“A Plataforma ‘X’ representa um risco para os indivíduos e para a sociedade. Em primeiro lugar, amplifica a hostilidade das trocas. Por definição, seus algoritmos de recomendação levam à deslocação social e podem prejudicar a saúde mental de seus usuários. Então, permite que operações de discurso de ódio e manipulação de opinião proliferem devido à falta de moderação. Além disso, o usuário não é dono dos seus dados.

Por fim, seu sistema centralizado dá todo o poder a Elon Musk. Ele não hesita em censurar ou excluir contas e conteúdos que o desagradam. Ele também criou e alimentou contas falsas, um site democrata falso e financiou conteúdo neonazista. Agora ele fornece apoio financeiro e de mídia para partidos de extrema direita na Inglaterra e na Alemanha. Quais serão as consequências para as nossas democracias?

Desde 20 de janeiro de 2025, Musk é membro do governo Trump como chefe do “Departamento de Eficiência Governamental”, uma estrutura que operará “fora do governo federal” e já assumiu o Tesouro e os sistemas de computadores estaduais. J.D. Vance, agora vice-presidente dos Estados Unidos, ameaçou em setembro passado encerrar o apoio à OTAN se a Europa tentasse regulamentar o ‘X’. Está claro que o ‘X’ é uma ferramenta poderosa para desinformação e manipulação política.

Depois de conquistar os Estados Unidos, Elon Musk agora está interessado no resto do mundo, e o ‘X’ é seu cavalo de Troia para desestabilizar democracias. À medida que vemos a ascensão do fascismo descarado, cabe a todos os defensores da democracia, independentemente de sua orientação política, retomar o controle das ferramentas que permitirão que ela seja preservada. E lembremos: O ‘X’ só tem poder porque nós estamos lá. Sem nós, ele não é nada”.

(Revisão de Texto: Profa. Elderina Canello – Centro Europeu)

Fontes consultadas:

https://www.jean-jaures.org/
https://www.nouvelobs.com/
https://helloquittex.com/
https://www.convergences.org/
https://www.la-croix.com/

Faut-il quitter “X”?

À l’ère du numérique, les réseaux sociaux sont devenus des espaces incontournables du débat public. Ils permettent une circulation rapide de l’information, offrent une tribune à tous et encouragent la mobilisation citoyenne. Mais ils sont également accusés de polariser les opinions, de promouvoir la désinformation et de menacer le bon fonctionnement de la démocratie.

Dans ce contexte, la campagne HelloQuitteX questionne notre rapport aux plateformes et leur influence sur la société. Lancé par David Chavalarias, chercheur au CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) – l’une des institutions de recherche les plus importantes au monde – en janvier 2025, date de l’investiture de Trump aux États-Unis. Cette campagne promet la possibilité de quitter ‘X’ (anciennement Twitter) et oriente ses utilisateurs vers d’autres réseaux, comme Bluesky ou Mastodon.

Pourquoi certaines personnes et organisations ont-elles choisi de quitter le ‘X’ – comme le journal français « Le Nouvel Obs » depuis le 20 janvier – et d’autres d’y rester ? Quels sont les enjeux politiques, sociaux et économiques impliqués ? Plus largement, quel est l’impact des médias sociaux sur la démocratie et la participation citoyenne ?

La Fondation Jean-Jaurès, basée à Paris, en partenariat avec le Théâtre de la Concorde et Le Nouvel Obs, a organisé fin février dernier une table ronde pour discuter des défis posés par les réseaux sociaux et imaginer collectivement les voies vers une démocratie numérique plus saine.

Le débat public a eu lieu au Théâtre de la Concorde et les participants invités étaient:

David Colon – historien, professeur associé à Sciences Po Paris, chercheur au Centre d’histoire de Sciences Po, écrivain.

Magali Payen – fondatrice du mouvement On est Prêt et porte-parole de la campagne HelloQuitteX.

Xavier de la Porte – journaliste du Nouvel Obs.

La table ronde était animée par Antoine Bristielle, directeur de l’Observatoire de l’Opinion de la Fondation Jean Jaurès.

La Fondation Jean-Jaurès est un think tank français associé au Parti Socialiste. Elle a été fondée en 1992 par Pierre Mauroy. En 2022 Jean-Marc Ayrault devient président de la Fondation. “Penser pour Agir”: L’institution publie des livres et organise des conférences et des débats. « En tant que fondation reconnue d’utilité publique, notre objectif est de servir l’intérêt général. Pour ce faire, nous mobilisons les pouvoirs publics, les élus, les experts et les citoyens. Nous encourageons l’échange d’idées et le partage de bonnes pratiques à travers nos débats, nos productions et nos actions de formation. »

Pourquoi laisser « X » ?

Le mouvement On est Prêt considère que, “sous le commandement d’Elon Musk, ‘X’ est devenu une machine à manipuler les opinions. Nous devons refuser d’en être complices afin de reprendre le contrôle en laissant ‘X’ collectivement, pour avoir des alternatives respectueuses de la liberté d’expression.”

« Maîtrisons ‘X’ avant qu’il n’étouffe nos démocraties »

Dans une édition de l’hebdomadaire catolique français La Croix, le débat sur le sujet défendant la suppression du X’ s’appuie sur les arguments suivants :

« La plateforme ‘X’ présente un risque pour les individus et pour la société. D’abord, elle amplifie l’hostilité des échanges. Par définition, ses algorithmes de recommandation entraînent une dislocation sociale et peuvent nuire à la santé mentale de ses utilisateurs. Ensuite, elle permet la prolifération des discours de haine et des opérations de manipulation d’opinion en raison de l’absence de modération. De plus, l’utilisateur n’est pas propriétaire de ses données.

En fin de compte, son système centralisé donne tout le pouvoir à Elon Musk. Il n’hésite pas à censurer ou à supprimer les comptes et les contenus qui ne lui plaisent pas. Il a également créé et alimenté de faux comptes, un faux site Web démocrate et financé du contenu néonazi. Il apporte désormais un soutien financier et médiatique aux partis d’extrême droite en Angleterre et en Allemagne. Quelles seront les conséquences pour nos démocraties ?

Depuis le 20 janvier 2025, Musk est membre de l’administration Trump à la tête du « Bureau de l’efficacité gouvernementale », une structure qui fonctionnera « en dehors du gouvernement fédéral » et qui a déjà pris le contrôle du Trésor et des systèmes informatiques des États. J.D. Vance, aujourd’hui vice-président des États-Unis, a menacé en septembre dernier de mettre fin à son soutien à l’OTAN si l’Europe tentait de réglementer ‘X’. Il est clair que ‘X’ est un puissant outil de désinformation et de manipulation politique.

Après avoir conquis les États-Unis, Elon Musk s’intéresse désormais au reste du monde, et ‘X’ est son cheval de Troie pour déstabiliser les démocraties. Au fur e à mesure que nous assistons à la montée d’un fascisme effronté,  nous tous, de n’importe quelle orientation politique,  sommes censés reprendre le contrôle des outils qui permettront de la préserver.

Et rappelons-nous: ‘X’ n’a de pouvoir que parce que nous sommes là. Sans nous, il n’est rien.”

(Révision du texte : Prof. Elderina Canello – Centre Européen)

Sources consultées:

https://www.jean-jaures.org/
https://www.nouvelobs.com/
https://helloquittex.com/
https://www.convergences.org/
https://www.la-croix.com/


Bel Liviski – professora, fotojornalista, é doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná. Escreve a Coluna INcontros desde 2009, e é também Editora-chefe do TAK! Agenda Cultural Polônia Brasil, em Curitiba/PR.

Bel Liviski – enseignante, photojournaliste, est titulaire d’un doctorat en Sociologie par l’Université Federale du Paraná. Écrit la chronique INcontros depuis 2009 et est également rédactrice en chef de TAK! Agenda Culturel Pologne Brésil à Curitiba/Pr, (Brésil).

Contact : bel.photographia@gmail.com

Foto: Acervo pessoal (fevereiro/2025)

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