Serenata & Cia
A noite estava estrelada, mas havia algo mais cintilante do que as luzes no céu: o murmúrio da expectativa que pairava na mansão no Alto de Pinheiros. Naquele cenário de opulência e glamour, cercada por celebridades, músicos e artistas, uma famosa empresária da noite paulistana seria o centro de um gesto tão grandioso quanto incerto.

O empresário apaixonado que nos contratou — um homem de gestos largos e ideias arrojadas — planejou cada detalhe. O pedido de casamento precisava ser único, um espetáculo que refletisse o brilho da mulher que ele desejava ao seu lado. O Serenata & Cia teria a missão de preparar o terreno, entregando ao som de cordas e vozes a emoção que ele tanto queria transmitir. Em troca, uma permuta incomum: comerciais de TV para o grupo, um presente que prometia nos levar a um público muito maior.
Quando chegamos, a mansão pulsava com energia. Os convidados, famosos e influentes, estavam em todos os cantos, mas havia algo diferente no ar. Entre risadas e taças de champanhe, o rumor de que algo extraordinário aconteceria circulava, aumentando a tensão e a curiosidade.
Nos posicionamos sob a luz suave dos holofotes que banhavam o jardim. Assim que as primeiras notas da serenata soaram, a conversa cessou. Os olhares se voltaram para a empresária, que surgiu na varanda com a elegância de quem sabe ser observada. Seus olhos, inicialmente surpresos, suavizaram-se ao reconhecer a música que parecia feita para ela.
A cada canção, era como se fôssemos descascando camadas de sua aura pública, revelando uma mulher que, por trás do brilho das noites paulistanas, ainda guardava uma alma vulnerável, capaz de se emocionar. Quando finalizamos a última música, o silêncio que tomou conta da festa foi quase reverente.
E então aconteceu. Um som distante, crescente, tomou o ar: o batido das hélices de um helicóptero. Os convidados levantaram a cabeça, perplexos, enquanto pétalas de rosas começaram a chover sobre a mansão. No centro do jardim, ele desceu, vestindo um sorriso confiante e segurando uma pequena caixa.
O empresário caminhou até ela, ajoelhou-se e, diante de todos, fez seu pedido. Seu tom era firme, mas sua voz carregava uma nota de vulnerabilidade que só o verdadeiro amor pode trazer.


— Você, que ilumina as noites dessa cidade, deixará que eu ilumine seus dias?
O tempo congelou. Os convidados, parados, seguravam a respiração. Ela, com um olhar indecifrável, permaneceu em silêncio por um momento que pareceu eterno. Os flashes das câmeras registravam cada detalhe, mas ninguém sabia o que ela responderia.
A empresária estendeu a mão, tocando levemente a dele, e seus lábios se moveram. O que disse, porém, só foi ouvido por ele. Um sorriso enigmático se desenhou em seu rosto enquanto as pétalas continuavam a cair, como se fossem os aplausos silenciosos de uma noite que jamais seria esquecida.
Partimos carregando o mistério daquela resposta, um segredo guardado pelo céu estrelado e pela chuva de rosas. Talvez a grandeza daquele momento não estivesse na resposta dela, mas na coragem dele de arriscar tudo por amor. Afinal, nem sempre o desfecho é o que importa. Às vezes, o que realmente conta é a música tocada e as emoções despertadas no caminho.
