“Há trabalho que beneficia as crianças, e há trabalho que traz lucro apenas para os empregadores. O objetivo de empregar crianças não é treiná-las, mas obter altos lucros com seu trabalho.” (Lewis Hine, 1908)
O Fotógrafo e sociólogo norte-americano foi um dos pioneiros da fotografia documental e uma importante figura da mudança na legislação do trabalho infantil nos EUA, deixando um acervo com mais de cinco mil fotografias sob a guarda da Biblioteca do Congresso. O trabalho de Hine direcionou-se para cenas de injustiça que ocorriam no contexto das décadas de 1910 e 20, registrando principalmente crianças e imigrantes em condições de trabalho desumanas. Suas fotos buscavam significados nas expressões faciais das pessoas que fotografava. “Se eu pudesse contar uma história com palavras, não precisaria andar com uma câmara”, era sua frase recorrente.

Criança trabalhadora em uma usina de algodão. Georgia, USA (1909)
Hine utilizava lentes normais e câmeras de pequeno porte para não chamar a atenção especialmente quando fotografava crianças em seu ambiente de trabalho. Sempre teve a postura de um educador, pois em seu trabalho fotográfico conseguia denuncir situações que o incomodavam a pondo de dedicar sua vida a isso. Seu propósito era bem claro: “Eu queria mostrar coisas que tinham que ser corrigidas” (Kulcsár, 2014).

Grupo de meninos trabalhadores em mina de carvão
“Olhando as imagens produzidas pelo fotógrafo do pondo de vista interpretativo, percebemos que sua força não está na preocupação de mostrar sangue ou violência, mas sim no silêncio que incomoda muito mais do que a dor explícita. Às vezes as crianças parecem que vão sorrir para a câmera, causando um efeito mais profundo e repugnante. A mensagem delas é clara. Por que não estamos na escola? Por que não estamos brincando? Por que não estamos sorrindo?

As fotografias de Hine nos lembram que embora tenhamos avançado nas conquistas sociais, as crianças ainda sofrem com esta e outras questões. Acredito que a fotografia deve continuar com seu papel de linha de frente para uma sociedade mais solidária e democrática, onde o bem-estar um dia possa ser da maioria.” (Kulcsár, 2014).

Meninas trabalham em fábrica têxtil

Meninos “jornaleiros”, no centro de Nova York

Criança carrega saca de algodão, em fazenda no interior dos EUA

O trabalho deste menino era o de abrir e fechar a porta dentro de uma mina de carvão

Menina trabalhadora em fábrica têxtil
Hine registrou crianças trabalhando em fábricas e nos campos. Recebeu fortes críticas, as quais diziam que suas fotos não causavam impacto, mas ele buscou sempre mostrar a realidade em cada situação fotografada. Ele comprou sua primeira câmera em 1903, dedicou-se à fotografia a fim de revelar a as condições de trabalho infantil e a miséria dos imigrantes europeus, em seu país. Em 1908, continuou seus estudos sociológicos com fotografias de trabalhadores metalúrgicos de Pittsburg. Hine expôs à opinião pública as péssimas condições de trabalho em sua época, campanha que teve como resultado a aprovação de leis que regulamentavam o trabalho infantil e melhoravam a vida dos imigrantes.
Fontes:
Liviski, Izabel – Educação em Direitos Humanos: Fotografia & Literatura Infantil -Universidade Federal do ABC (UFABC) – Coleção EDH Linguagens e Narrativas, 2020.
Kúlcsar, João (curadoria) – Trabalho infantil: Lewis Hine – Fotografia & responsabilidade social, 2014.
Fotos: Acervo da Livraria do Congresso, USA. Imagens de domínio público https://www.archives.gov/education/lessons/hine-photos

Revoltante e comovente, sensações que assomam à medida que a gente lê e se detém em cada foto. Belo trabalho de Bel Liviski.
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Bela e importante matéria!
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