A arte de fazer: um espaço para as mulheres The art of making: a space for women

João Carlos Dias Furtado

Pietra Marcia Tavares de Queiroz

Carina Merkle

Eliane Segati Rios-Registro

Resumo

Este texto contempla a inserção da mulher pesquisadora ucraniana em situação de refúgio no espaço acadêmico paranaense através do Projeto Paraná Fala Idiomas (PFI) – Português como Língua de Acolhimento (PLAc). O objetivo é visibilizar esta ação realizada por meio do Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA), Fundo Paraná e Secretaria Geral da Ciência, Tecnologia e Ensino (SETI). Como metodologia utilizamos a pesquisa bibliográfica e documental. Observamos que o PFI – PLAc auxiliou a inserção da mulher pesquisadora  ucraniana nos trabalhos acadêmicos e cotidianos da vida paranaense. Neste sentido, é possível concluir que ações como estas posicionam a mulher em uma situação de destaque e oportuniza novas perspectivas a essas mulheres em situação de vulnerabilidade em seus países

Palavras-chave: pesquisadoras ucranianas, Paraná, Fundação Araucária, Brasil.

Abstract

This text contemplates the insertion of a Ukrainian woman researcher in a situation of refuge in the academic space of Paraná through the Paraná Fala Idiomas Project (PFI) – Portuguese as a Welcoming Language (PLAc). The objective is to make this action carried out visible through the Araucária Foundation to Support the Scientific and Technological Development of the State of Paraná (FA), Fundo Paraná and the General Secretariat for Science, Technology and Education (SETI). As a methodology we use bibliographic and documentary research. We observed that the PFI – PLAc helped the insertion of Ukrainian women researchers into academic and daily life work in Paraná. In this sense, it is possible to conclude that actions like these position women in a prominent situation and provide new perspectives for these women in vulnerable situations in their countries.

Keywords: Ukrainian researchers, Paraná, Fundação Araucária, Brazil.

A Chamada Pública 09/2022 – “Programa de Acolhida a Cientistas Ucranianos – Fluxo Contínuo”, foi uma ação que envolveu um primeiro olhar para as mulheres pesquisadoras ucranianas em situação de refugiadas por conta da guerra instaurada contra a Ucrânia em fevereiro de 2022. O que chamou a atenção para a ação foi em primeiro lugar a posição da mulher na chamada, por ser ela uma pesquisadora que ingressaria em uma universidade paranaense para contribuir no processo de internacionalização das instituições de ensino superior (IES) e ao mesmo tempo para tirar da situação de perigo um número de familiares próximos, tudo isso com auxílio de recursos financeiros para as cientistas e familiares.  Junto a este edital surgiu também o Projeto de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) através do Programa Paraná Fala Idiomas (PFI) de modo remoto.

Figura 1 – Reunião equipe pedagógica do PFI-Português (PLAc)

Fonte: https://cri.uenp.edu.br/

Colling (2014, p.35) afirma que “a história do discurso masculino sobre as mulheres demonstra que, do ponto de vista teórico, as mulheres não existem.”  Neste sentido, mulheres ucranianas tiveram sua subjetividade marcada pelo discurso (Foucault, 2008) da inserção da mulher na ciência resistindo ao poder da tradição histórica que esquece de incluir e destacar as mulheres fora do espaço cotidiano e doméstico.

Figura 2 – Svitlana Gerasimenko, pesquisadora de astrofísica

Fonte: https://www.fappr.pr.gov.br
Figura 3 – Svitlana Gazarian, pesquisadora de funcionalismo público

Fonte: https://www.fappr.pr.gov.br

Enquanto na Ucrânia as mulheres ainda sofrem com a situação de guerra, como ilustra a imagem publicada pela Folha de São Paulo, no Brasil as pesquisadoras ajudam como pontuam Silva, Nader e Dantas (2021, p.2) que “recuperar as trajetórias de mulheres nas ciências tem sido regularmente mencionado na literatura para incentivar e inspirar mulheres na carreira científica e tecnológica”.

Figura 4 – Svitlana Makovoz segurando uma foto de seu marido, Andri – Brendan Hoffman – 16.out.2023/The New York Times

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/

Carvalho, Saes e Meza (2023, p.140) afirmam que “ao integrar os acadêmicos deslocados em novas comunidades acadêmicas, o programa traz benefícios significativos para o indivíduo, o país de origem e o país anfitrião”. Ao discutirem sobre  ações afirmativas para imigrantes na Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA) Ferreira e Borges (2024, p.140) compartilha que “por meio da adesão ao Programa de Acolhida de Cientistas Ucranianas promovido pela Fundação Araucária do Paraná em 2022, a universidade acolheu um professor e uma professora vinculados às áreas de administração pública e geração de  energia”. Ou seja, a representatividade das intelectuais ucranianas nas universidades paranaenses também convocam o uso da língua portuguesa  para intercambiar com a produção do conhecimento da América Latina e visibilizar a mulher cientista em um momento histórico em que tantas outras mulheres estão escondidas e massacradas pelo silenciamento e pela condição imposta por uma sociedade marcada pelo discurso do saber/poder masculino.

Referências bibliográficas

CARVALHO, E.; SAES, K. V. R.; MEZA, M. L. F. G. When academic displacement and internationalization intersect, different approaches for inclusion in Higher Education: contributions from the Welcoming Program for Ukrainian Scientists, Paraná -Brazil. REMHU: Revista Interdisciplinar Da Mobilidade Humana, v. 31, n. 68, p. 133-148, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-85852503880006809. Acesso em: 15jan. 2024.

COLLING, A. M. Tempos diferentes, discursos iguais: a construção do corpo feminino na história / Ana Maria Colling – Dourados, MS: Ed. UFGD, 2014.

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Fonte de imagens:

https://cri.uenp.edu.br/index.php/pfi-noticias/item/225-coordenadora-estadual-realiza-reuniao-com-equipe-pedagogica-do-projeto-portugues-como-lingua-adicional-para-imigrantes

https://www.fappr.pr.gov.br/Noticia/O-proprio-lugar-Com-nova-vida-no-Parana-Svitlana-Gerasimenko-pesquisa-astroquimica-em

https://www.fappr.pr.gov.br/Noticia/Ucraniana-completa-um-ano-no-Parana-com-pesquisa-sobre-funcionalismo-publico

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/10/familias-de-soldados-desaparecidos-protestam-na-ucrania-em-rara-manifestacao.shtml

João Carlos Dias Furtado – Doutor e Mestre em Letras na área de literatura e formação do leitor pelo programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Maringá (UEM); Graduado em Letras Português/Inglês pela Universidade Estadual de Maringá. Integrante dos grupos de pesquisa “Estudos Literários” e “Literatura, Pós-colonialismo e Estudos Culturais”, ambos vinculados ao Centro Universitário Maringá (UniCesumar) Parecerista das Revistas Acta Scientiarum – Language and Culture e Gestão Acadêmica. Integrante da Comitê de Assessores de Áreas da Fundação Araucária (CAAs), Linguísitca, Letras e Artes (representando o ICETI/UniCesumar), pelo quadriênio 2020/2024; Orientador pedagógico do programa Paraná Fala Idiomas – UENP; Professor no Centro Universitário Cesumar (Unicesumar), nos cursos de Letras e Pedagogia, ministrando as disciplinas de Teoria da Literatura; Literatura Portuguesa e Países Lusófonos; Língua Portuguesa, Leitura, Produção de Texto; e Arte e Musicalização aplicadas à Educação; Professor colaborador da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR – Paranavaí), no curso de Letras, ministrando as disciplinas de Literatura Brasileira I e Literatura Portuguesa II.

E-mail para contato: p.jcfurtado@gmail.com

Pietra Marcia Tavares de Queiroz – graduada em Letras pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Atualmente é Monitora de Balé e Danças Urbanas do Associação Pro Esporte e Cultura, Estagiária de Educação Especial da EMEI Cantinho Meu e da Universidade Estadual do Norte do Paraná.

E-mail: pietratavares02@gmail.com

Carina Merkle – Graduada em Licenciatura em Língua Portuguesa e Inglesa pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000), mestra em Educação pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2014) e doutora em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (2017). Atualmente é professora na graduação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Francisco Beltrão e também é professora colaboradora no curso de pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Francisco Beltrão. Tem como temas de interesse: mulheres & desenvolvimento, sociedade e linguagem, línguas & etnias e língua portuguesa como ferramenta de internacionalização.

E-mail para contato: carinadebeltrao@gmail.com

Eliane Segati Rios-Registro – Possui graduação em Letras Anglo-Portuguesas pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências Letras de Cornélio Procópio (1999), mestrado em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina (2010) e doutorado em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina (2013). É professora adjunta na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), no curso de Letras Português-Inglês, atuou como Coordenadora de Relações Internacionais (2014 – 2022), foi vice-presidente da Associação para Educação Internacional – FAUBAI (2017-2019). Atualmente está como assessora para projetos estratégicos da Fundação Araucária e membro da Câmara de Internacionalização da ABRUEM, além de coordenar estadualmente o Programa Paraná fala Idiomas, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná, com apoio do Fundo Paraná. Atua nos seguintes temas: internacionalização, formação do professor de língua inglesa, ensino de língua e literatura de língua inglesa, gestão internacional.

E-mail para contato: eliane_segati@uenp.edu.br

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