NAS QUEBRADAS DAS IAs

NAS QUEBRADAS DAS IAs

Em 1954 não existia o computador que conhecemos. Pesquisadores aprimoravam a COBOL, linguagem de programação a ser usada em processamento de dados por bancos, grandes empresas e agências governamentais. O mundo ainda esperaria meio século até que o sistema Windows abrisse suas janelinhas para dar boas-vindas ao usuário comum, democratizando o uso da informática, através dos computadores pessoais, não só em tarefas do cotidiano mas também no lazer.

Pois foi em 1954, muito antes da Internet e cerca de 70 anos antes da popularização dos programas de Inteligência Artificial , que o escritor estado-unidense Fredric Brown lançou o livro de ficção científica “Angels and spaceships”, que contém o conto “Answer” (“Resposta”), uma parábola que antecipa a preocupação atual em torno das IAs, as polêmicas sobre seus limites, suas possibilidades, vantagens e perigos. Eis o conto:

“Cerimoniosamente, Dwar Ev soldou com ouro a última conexão. Os olhos de dezenas de câmeras de televisão o observavam, propagando para o universo inteiro as imagens daquilo que fazia. Com um aceno para Dwar Reyn, ele se ergueu e dirigiu-se para trás da chave que estabeleceria o contato, acionando todos os monstruosos computadores de cada um dos planetas do universo em conexão simultânea com o supercalculador, o prodígio cibernético que reuniria todo o conhecimento de todas as galáxias. Dwar Reyn fez uma breve introdução aos trilhões de telespectadores e, após uma breve pausa, disse:

-Dwar Ev … Agora!

Dwar Ev acionou a chave. Houve um zumbido profundo, o desencadeamento da força de noventa e seis bilhões de planetas. Luzes piscaram até ganhar firmeza, no painel quilométrico. Dwar Ev recuou, aspirou profundamente e disse a Dwar Reyn:

-A honra de fazer a primeira pergunta é sua.

 – Farei a pergunta que nenhum sistema cibernético isolado foi capaz de responder até hoje, disse Dwar Reyn. E voltando-se para o gigantesco painel, perguntou:

-Deus existe?

A poderosa voz respondeu sem hesitação:

-Sim, agora Deus existe!”

Meu comentário vai sintetizado no pequeno poema: “Chat das Inteligências”:

– I Am

machina deus

& / ou

.

– I de mim

quem

eu soul?     

.

Afonso Guerra-Baião

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