Contribuição da dialética marxiana e seus enrocamentos para o Ensino de História no Tempo Presente, no Brasil de hoje

Marcia Regina da Silva Ramos Carneiro

Hugo Gaspar Rezende Emerick

Notre naturest dans le moviment le repose entier est la mort”

Blaise Pascal

Introdução

            Este artigo pretende expor o debate sobre o uso da dialética marxiana e sua apropriação dialética por meio da negação da sua positividade calcada no historicismo iluminista, a partir da reflexão por Theodor Adorno sobre uma resignação ante a realidade que se converteu em derrota da Razão. O contexto sobre o qual Adorno se debruça é o do Nazismo que abateu sua pátria Alemanha e provocou uma das maiores tragédias da Humanidade: o extermínio em massa produzido pelo Estado Nazista, o Holocausto:

A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca atenção. Justificá-la seria algo de monstruoso em vista de toda monstruosidade ocorrida. Mas a pouca consciência existente em relação a essa exigência e as questões que ela levanta provam que a monstruosidade não calou fundo nas pessoas, sintoma da persistência da possibilidade de que se repita no que depender do estado de consciência e de inconsciência das pessoas. Qualquer debate acerca de metas educacionais carece de significado e importância frente a essa meta: que Auschwitz não se repita.(ADORNO, 1995, S/P.).

            Desta constatação, Adorno coloca a questão: “É ainda possível a filosofia?” em sua obra “Dialética Negativa” (1975)  no qual discorre sobre a possibilidade de usar o exercício dialético para “testar” um pretenso devir progressivo da Razão/História. O uso da dialética negativa proposta por Adorno tem o sentido de problematizar a própria Filosofia e criticar a redução da História à uma especialidade das Ciências Positivas.

            A referência às análises de Adorno sobre sua proposta de uma Educação Após Auschwitz,  a princípio produto para palestra do pensador da Escola de Frankfurt, em 1965, e posteriormente publicado em forma de artigo, em 1967, leva-nos a considerar o uso do instrumento dialético não apenas como meio de “elevar” possíveis proposições em suas contradições, mas usar a dialética em sua forma apontada nos estudos de Karl Marx, considerando todos os elementos reais da existência humana em sociedade: sua subsistência física, as relações de produção e a luta de classes, ou seja, as experiências da realidade social em relação dialógica/dialética com as ideologias contextuais que assumem a formação do concreto dos sujeitos históricos produtores de suas próprias  Histórias coletivas.

            Ao propor este debate, apresentamos, inicialmente uma discussão sobre “o que é a dialética e para que serve a dialética no exercício da reflexão no Ensino da História no sentido de nos opormos, enquanto educadores, à uma História que induz à uma abordagem apenas factual e cronológica que leva a determinação à uma única leitura de devir/progresso.

            Quando falamos em “enrocamentos”  no uso e análise da dialética marxiana enquanto espírito crítico e autocrítico, nos referimos aos usos equivocados por aqueles que se consideram marxistas, como escreveu Leandro Konder: “com frequencia se manifesta entre os marxistas uma tendência que os leva a substituir a análise concreta das situações concretas por um conjunto de fórmulas especulativas, por um esquema geral no qual as coisas são enquadradas forçadamente, precipitadamente.” (KONDER, 1981, p. 83). Outra análise equivocada sobre a dialética marxiana é considerá-la como determinismo mecanicista. Justamente, estes são enrocamentos, as pedras que desviam o fluxo do rio da História, alegoria apresentada por Heráclito de Éfeso para nos dizer que assim como na História, nós não nos banhamos no mesmo rio, posto que as águas seguem seus ritmos infinitamente. Porém, usando uma outra alegoria para pensarmos a metodologia do Tempo Presente: os cardumes que povoam os rios não são compostos dos mesmos indivíduos peixes, mas a espécie dos peixes que compõem certos tipos de cardumes e em determinados ambientes aquáticos específicos, reaparecem nos ciclos naturais ecológicos, a não ser que algum cataclisma interrompa este outro fluxo, o fluxo ativo da sobrevivência. Mas os próprios “enrocamentos” podem proteger múltiplas espécies que se utilizam dos rios como seus habitat.

            A metodologia do Tempo Presente nos indica a pensar a possibilidade de ressurgência de fenômenos históricos enquanto permanências de mentalidades latentes que, diante de conjunturas históricas características, ressurgem como farsas de tragédias que já foram experimentadas por nossos antepassados, lembrando a frase de Marx em O 18 Brumário de Luís Napoleão (2008), se opondo à ideia hegeliana de que fatos e personagens ocorrem duas vezes na História. Marx conclui que a história acontece primeiro como tragédia e, depois, como farsa. Neste aspecto, o conceito de trans-historicidade definido por Teixeira da Silva em entrevista à Samantha Quadrat (QUADRAT, 2024), contribui para a compreensão do uso da Metodologia do Tempo Presente como recurso didático para um Ensino de História dialético e não negacionista: em que Teixeira da Silva aponta para a importância de se observar o “deslocamento” do Tempo “num processo trans-histórico e comparativo entre processos que se desenvolvem em tempos diferenciados”

  1. A dialética: lógica ou instrumento da positividade mecânica?

1.1. Rio de Heráclito

            A referência “primordial” à dialética de Heráclito de Éfeso nos permite refletir sobre a fluidez das “verdades”, ou a impossibilidade de alcançá-las. Esta era a crítica de Platão que definia a dialética como reflexão na forma: “não disputar, mas sim”.

            A fórmula dialética: tese X antítese = síntese foi abordada por alguns pensadores marxistas que consideram que a dialética está inscrita no âmbito da lógica, também compreendida como “método” no século XIX. A seguir, os argumentos apresentados e seus respectivos defensores da “lógica dialética”:

            Para P.V. Kopnin, em A Dialética como Lógica e Teoria do Conhecimento, livro publicado na década de 1960 pelo Instituto de Filosofia da Academia de Ciências da URSS, e publicado no Brasil pela Editora Civilização Brasileira, em 1978, este considerou, primeiramente, a premissa da Lógica de Marx apontada por Lenin em epígrafe:

Se Marx não desprezou a ‘Lógica’ (com L maiúsculo), desprezou a lógica d’O Capital, e isto deveria ser aproveitado com exclusividade à questão dada. Em O Capital, aplica-se à mesma ciência a lógica, a dialética e a teoria do conhecimento [não necessita de três palavras: são a mesma coisa] do materialismo, que tomou de empréstimo tudo que havia em Hegel e fez este valioso evoluir. (LENIN, s/d, t. 29, p. 301 apud KOPNIN, 1978, p, 45 – grifos, parênteses e colchetes são usados pelo autor da obra).

            De acordo com  Henri Lefebvre, a lógica formal não “proibe” o pensamento dialético. Ao contrário “remete à dialética, pela mediação da lógica dialética” (LEFEBVRE, 1973 p. 24). Por intermédio da inversão dialética, a lógica formal aparece como redução do conteúdo, tendendo à uma tautologia. A lógica dialética, no entanto, entende-se enquanto historicidade, compreendendo que “A  lógica formal remete à dialética, pela mediação da lógica dialética. Depois, esse movimento se inverte, e a lógica formal aparece apenas como redução do conteúdo, abstração elaborada, elemento neutro (vazio, transparente) de toda investigação.” (LEFEBVRE, 1973 p. 24).

            A contribuição de Caio Prado Jr. à análise do exercício dialético a partir de Hegel (1770-1831) é fundamental para a compreensão de sua lógica:

A Razão (consciência, pensamento) se  afirma, se propõe; é o plano racional em que o Homem livre se determina – Hegel chamará esse primeiro momento de afirmação.

A Razão se objetiviza, se exterioriza: é o Plano racional que se realiza pela ação do Homem; e o Real assim formado, e exterior ao Pensamento, se oporá a ele como um “outro”. É a negação.

Essa oposição entre a Razão e sua exteriorização, entre a Razão e o seu “outro”, representa uma contradição que leva à Razão a “negar” aquele “outro”. É a negação da negação.

Mas negando a negação, a Razão se afirma novamente, e recomeça  o processo, ou melhor, para usar a expressão hegeliana consagrada, a dialética. Note-se contudo que a negação da negação, que representa a afirmação do ciclo seguinte, não é mais a afirmação, mas se eleva acima da negação precedente e do Real que ela representa. A negação da negação engloba pois esse Real que no ato de se propor ela recolhe para desfazer a afirmação com esse acréscimo. Essa nova afirmação é assim algo mais que a afirmação anterior. (PRADO Jr., 1969, pp. 420-421)

                  Compreendendo o uso da lógica dialética como recurso metodológico, referimo-nos a  Teresa Torres-Miranda que considera

Uno de los métodos más declarados en la investigación científica en las ciencias sociales es el método histórico-lógico, pero no en todos los casos el proceso investigativo evidencia su empleo. A su vez, este es uno de los métodos menos tratados desde la ciencia y, en correspondencia, son pocos los autores que hoy problematizan sobre el asunto. Los temas abordados que se han podido encontrar giran alrededor del tratamiento de lo histórico o lo lógico por separado, pero no en su unidad dialéctica como método.(TORRES-MIRANDA, 2020, p. 4)

            Torres-Miranda ainda esclarece que a aplicação deste método implica em análise histórica, ainda que os recursos que antecedem à pesquisa do objeto de estudo devem remeter-se à aplicação do método histórico.

            Um dos métodos de pesquisa científica mais amplamente reconhecidos nas ciências sociais é o método histórico-lógico, mas sua utilização nem sempre é evidente no processo de pesquisa. Ao mesmo tempo, este é um dos métodos menos estudados na ciência e, consequentemente, poucos autores abordam o tema atualmente. Os tópicos abordados giram em torno do tratamento do histórico ou do lógico separadamente, mas não em sua unidade dialética como método. Para Adorno, aprofundando-se na análise dialética por meio de uma dialética negativa, entendeu-a como um “antisistema” dos motivos determinantes foi a tentativa de superar de maneira acurada a distinção oficial entre filosofia pura, uma parte do concreto [totalidade]  e do que é formalmente científico.”(ADORNO, p, 8).

            De acordo com E. P. Thompson a dialética é concebida como a lógica da lógica do processo sendo que:

A lógica do processo só pode ser descrita em termos de análise histórica; nenhuma analogia derivada de qualquer outra área pode ter mais que um valor limitado, ilustrativo e metafórico (com frequência, como ocorre com a base e a superestrutura, um valor estático e prejudicial); a “história” só pode ser teorizada em termos de suas propriedades peculiares. Bem podemos concordar que o materialismo histórico se deve tornar teoricamente mais alerta, tanto em seus procedimentos como em suas conclusões. Mas o que requer questionamento e teorização é o conhecimento histórico.” (THOMPSON,1981, p. 97)

2. O Ensino de História e a reflexão de Theodor Adorno

            Theodor W. Adorno foi um sociólogo, uma das peças fundamentais para a escola de Frankfurt, onde buscou compreender os fundamentos sociais e culturais do autoritarismo e do fascismo, além dos impactos da industrialização e da cultura em massa para a sociedade, desenvolveu um trabalho extenso na busca em compreender e transformar a sociedade capitalista.

            Na obra “Estudos sobre a personalidade autoritária”, Adorno se debruça no entendimento do indivíduo dentro do contexto social, identificando personalidades que se colocam a submissão de determinadas autoridades, pela intolerância e agressividade, se voltando contra grupos minoritários.

            Adorno e outros estudiosos, conseguem chegar à origem do que se chamou de personalidade autoritária, após suas pesquisas, entendeu-se que a mesma pode ser moldada por inúmeros fatores, incluindo sociais e psicológicos, além desta constatação, Adorno defende a tese que os indivíduos que possuem a personalidade autoritária, são tendenciosos a apoiar governos autoritários, movimentando grandes massas.

A tarefa de diagnosticar o fascismo potencial e estudar seus determinantes requer técnicas especialmente concebidas para esses objetivos; não se poderia esperar que elas servissem também para vários outros padrões. Não obstante, foi possível distinguir diversos tipos de estrutura de personalidade que pareciam particularmente resistentes a ideias antidemocráticas. (ADORNO, 2019, p.150)

            A sociedade, contribui para a permanência de um poder já estabelecido, influenciado por sistemas de doutrinação.

As ideologias têm uma existência independente de qualquer indivíduo singular; e aquelas que existem em uma época particular são resultados tanto de processos históricos quanto de eventos sociais contemporâneos. (ADORNO, 2019, p.151)

3.  A observação da Dialética Negativa no Ensino de História no Tempo Presente

            A reflexão de Adorno no seu texto Educação pós Auchwits contribui, na atualidade do Ensino de História no Brasil para pensarmos os aspectos fascistas tanto subjetivos, como políticos que atingem a Educação brasileira.

        Entendemos, como em Gramsci, que em seu exercício reflexivo “Evocava-se a superação do heraclitismo no hegelianismo”. Esta posição fora tomada por Gramsci ao criar um grupo de estudos com seus companheiros do cárcere, no qual esteve entre 8 de novembro de 1926 até 1934. Nesta iniciativa, propôs atividades didáticas que visavam evocar “a superação do heraclitismo no hegealismo” (LIGUORI & VOZA, 2017, p. 197). Ao sustentar que a dialética é uma técnica [método] como a lógica formal, afirma que a dialética também é uma “nova Filosofia”, definindo o uso da dialética marxiana como “Filosofia da Praxis”.

           Este trabalho, por síntese resultante do exercício dialético, portanto, propõe que o Ensino de História, usando a ferramenta metodológica do Tempo Presente, exercite em sua prática cotidiana a reflexão dialética entre os fatos narrados nos livros didáticos e as experiências cotidianas dos Educandos. Não é apresentada aqui uma nova tese, mas relembra-se a pedagogia Paulo Freiriana a importante ágora que se inscreve em cada sala de aula. Ao Ensino de História dialético impõe-se o diálogo e a reflexão dialética entre o conhecimento acadêmico do professor e os conhecimentos experimentados dos educandos, o que também representa trocas de letramentos entre gerações.

           A Educação dialética traduz-se em trocas humanas e reconhecimentos mútuos de que não há verdades absolutas, nem a sala de aula deva ter o protagonismo arrogante do professor. Ao despir-se de uma aura positiva do saber, o professor torna-se educando e os estudantes educadores. Não se trata de reverter uma ordem estabelecida. Trata-se de romper tanto a opressão como a submissão em sala de aula e, particularmente, no Ensino de História.

            A trans-historicidade da História do Tempo presente atualiza as relações humanas entre o coletivo que se constrói em sala de aula. Não um Humanismo dos modelos eurocêntricos, mas o humanismo dos afetos entre gentes, pessoas, seres humanos num exercício ético.

         No clássico prefácio Introdução à vida Não-Fascista que Michel Foucault escrevera para o livro O Anti-Édipo: Capitalismo e Esquisofrenia, de Gilles Deleuze e Félix Guattari (New York, Viking Press, 1977, pp. XI-XIV). O filósofo francês o transcreve e o expande em outra publicação, tornada livro e publicada no Brasil, em 2004, pelo Coletivo Sabotagem, com o título: Michel Foucault – Por Uma Vida Não-Facista. Foucault escrevera:

Não exija da ação política que ela restabeleça os “direitos” do indivíduo, tal como a filosofia os definiu. O indivíduo é o produto do poder. O que é preciso é “desindividualizar” pela multiplicação, o deslocamento e os diversos agenciamentos. O grupo não deve ser o laço orgânico que une os indivíduos hierarquizados, mas um constante gerador de “desindividualização”.

         Nos dias de hoje, no ano de 2025, consideramos importante refletir sobre a organização de coletivos e se, realmente, se libertaram de individualismos ou tornaram as identidades culturais em individuações produzidas pelo poder e para o poder. Neste caso, o fundamento identitário que visaria romper com o poder do indivíduo cartesiano sobre o saber único, a “verdade absoluta” realmente o rompe?

         É neste sentido que este trabalho se propõe a colocar uma questão dialética: se a tese e a antítese representam duas verdades, qual a contribuição da dialética marxiana para a construção da síntese? Uma simples opinião: o diálogo aberto entre as múltiplas “verdades” a serem pautadas trans-historicamente e pela luta pela sobrevivência no sistema neoliberal, pela exposição livre dos sentimentos e ressentimentos expostos como a carne aberta pelo corte, pelo sangue que jorra das feridas abertas. A Educação não poder ser uma rua de mão única, senão, tende à barbárie, à vida fascista. A Educação precisa ser emancipadora.

4 – Bibliografia

ADORNO, Theodor W.  Estudos sobre a personalidade autoritária (cap. 1/Introdução). São Paulo:  Unesp, 2019.

ADORNO, T. Dialética negativa. Madrid; Taurus, 1975.

ADORNO, T Educação após Auschwitz. In: ADORNO, T. Educação e Emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

BEDARIDA, François. Histoire, critique et responsabilité. Bruxelles:Éditions Complexe, 2003.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere (6 vols.) . Rio de Janeiro Civilização Brasileira, 2000.

KONDER, Leandro. O que é Dialética. São Paulo: Brasiliense, 1985.

KOPNIN, P. V. A dialética como Lógica e Teoria do Conhecimento. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978.

LEFEBVRE, Henri. Lógica Formal/ Lógica Dialética. . Rio de Janeiro Civilização Brasileira, 1975

MARX, K. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. In MARX, K & ENGELS, F. Obras escolhidas, vol. 1. São Paulo: Alfa-Omega, 2008, pp. 203-285.

PRADO Jr., Caio. Dialética do Conhecimento (2 vols). São Paulo: Brasiliense, 1969.

QUADRAT, Samantha. Perspectivas da história do tempo presente no Brasil: Entrevista com Francisco Carlos Teixeira da Silva. Niterói: Tempo vol. 30 n.1,2024

THOMPSON, E. P.. A Miséria da Teoria ou um planetário de erros – uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

TORRES, Miranda, Teresa. En defesa del método histórico-lógico desde la Lógica como ciencia. Habana: Rev. Cubana edu. superior vol. 39 n 2, Maio-Agosto, 2020.

Marcia Regina da Silva Ramos Carneiro. Professora Associada do Departamento de História e Professora Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas (PPGDAP) do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional/UFF e do Programa de Pós-graduação Mestrado Profissional de Ensino de História (ProfHistória) da Universidade Federal Fluminense.

Hugo Gaspar Rezende Emerick. Mestrando em Sociologia Política pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF); Licenciando em Ciências Sociais, Licenciado e Bacharel em História pelo Departamento de História do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal Fluminense (campus Campos dos Goytacazes). Pesquisador no Laboratório de Estudos das Direitas e do Autoritarismo (LEDA – UFF) e no Laboratório de Estudos da Imanência e da Transcendência (LEIT – UFF).

Um comentário em “Contribuição da dialética marxiana e seus enrocamentos para o Ensino de História no Tempo Presente, no Brasil de hoje

  1. A dúvida em relação à racionalidade perpassou vários filósofos importantes, notadamente Kant que escreveu especificamente sobre ela.

    A citação:

    A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca atenção. Justificá-la teria algo de monstruoso em vista de toda monstruosidade ocorrida. Mas a pouca consciência existente em relação a essa exigência e as questões que ela levanta provam que a monstruosidade não calou fundo nas pessoas, sintoma da persistência da possibilidade de que se repita no que depender do estado de consciência e de inconsciência das pessoas. Qualquer debate acerca de metas educacionais carece de significado e importância frente a essa meta: que Auschwitz não se repita.(ADORNO, 1995, S/P.).

    me leva a refletir como devemos radicalizar (ir às raízes) para não ficarmos no fenômeno histórico (Husserl também colocou em dúvida a racionalidade). Digo isso porque ensinar a desumanidade do Holocausto é tomar um fenômeno como atípico da natureza humana…e vê-lo repetir, sob outras formas, em Gaza e em tantos lugares na África e Oriente Médio. Creio que devemos dialetizar a própria natureza humana, para por em evidência suas possibilidades angelicais e demoníacas.

    Pensei tudo isso graças à vossa reflexão. Obrigado pelo excepcional trabalho.

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