
Era uma noite que prometia ser quente em todos os sentidos. Fredi estava em um evento fora de São Paulo e contratou o amigo ator Ferraz para um telegrama animado, chegava ao “Sushi Sensual”, um ambiente exclusivo onde a comida era servida de maneira… pouco convencional. Sobre a mesa central, uma modelo impecavelmente imóvel exibia pratos de sushi no corpo, estrategicamente dispostos para impressionar os convidados. O público era composto apenas de homens, advogados e amigos do homenageado, já entre risadas e saquês.
Ferraz entrou no salão de maneira triunfal, com asas desalinhadas, a cabeça enfaixada, uma mala de primeiros socorros e andando de muletas. Parou dramaticamente à porta, ergueu a voz e declarou:
— Cadê o cara? Cadê? Não aguento mais, socorro, hoje é meu último plantão. Depois de cuidar do homenageado, por 55 anos agora EU é que preciso de socorro!
O homenageado, um advogado conhecido pelo bom humor, já ria enquanto Ferraz se aproximava mancando exageradamente, apontando as asas tortas:
— Tá vendo isso aqui? Isso é resultado de ANOS tentando salvar esse cidadão! Amigo, você é um caso tão perdido que eu mereço aposentadoria com bônus!
Ferraz começou a narrar, com gestos teatrais, as histórias do advogado:
— Aquela vez no karaokê, você lembra? Tentou impressionar uma moça cantando sertanejo, tropeçou no cabo do microfone e caiu em cima da caixa de som. E EU, voando de emergência, torci minha asa pra salvar sua dignidade! — disse, sacudindo as “penas” tortas das asas.
Enquanto os amigos gargalhavam, ele prosseguiu:

— E no futebol de sábado? Você achou que era o Pelé, chutou a bola, escorregou e foi parar no hospital com o tornozelo enfaixado, e poderia ter sido muito pior se eu não estivesse ali. Eu? Acabei com a cabeça assim! — apontou a faixa, fazendo cara de dor.
O ápice veio quando Ferraz anunciou sua “decisão final”:
— Amigos, eu não aguento mais. É oficial: estou pedindo demissão como anjo da guarda! Depois de tanto trabalho arriscado, decidi mudar de setor. Vou virar anjo CUPIDO!
Tirando um arco e flecha de brinquedo da mala, Ferraz mirou teatralmente no homenageado.


— Agora, vou garantir que pelo menos você encontre alguém pra segurar sua mão no próximo tropeço. Quem sabe assim eu descanso um pouco!
Com um “tiro” simbólico de flecha, os convidados aplaudiram, gargalhando. Mas Ferraz, olhando para a mesa com sushi e a modelo imóvel, não perdeu a oportunidade:
— Agora, falando sério, gente… um ex-anjo com fome pode participar do banquete? Afinal, salvar você dá uma fome danada!
A turma riu alto, e o homenageado, entre lágrimas de tanto rir, não só convidou Ferraz para ficar, mas também brindou à noite mais surreal da sua vida. Assim, Ferraz, com asas tortas, largou as muletas e foi do teatro à degustação – porque até anjos, especialmente os quebrados, sabem aproveitar as boas companhias do inferno.
Texto Fredi Jon
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Pausa para um Quadrinho

