O “Menino de Nagasaki”. A fotografia do fotógrafo americano Joe O`Donnell é uma das imagens mais icônicas quanto de registros que revelam a face mais triste dos diversos conflitos empreendidos durante a história da humanidade. A imagem mostra um menino de 9 anos carregando seu irmão morto nas costas após a projeção da bomba atômica sobre a cidade de Nagasaki, pelos E.U.A., que determinou o fim da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945.
Segundo o próprio fotógrafo: “Vi um menino de cerca de dez anos andando. Ele estava carregando um bebê nas costas. Naqueles dias, no Japão, víamos crianças brincando com seus irmãos ou irmãs nas costas, mas esse menino era claramente diferente. Eu podia ver que ele havia chegado a esse lugar por um motivo sério. Ele não usava sapatos. Seu rosto estava tenso. A cabecinha estava inclinada para trás como se o bebê estivesse dormindo profundamente. O menino ficou lá por cinco ou dez minutos“. Os homens de máscaras brancas foram até ele e silenciosamente começaram a tirar a corda que segurava o bebê. Foi quando vi que o bebê já estava morto. Os homens seguraram o corpo pelas mãos e pés e o colocaram no fogo.O garoto ficou ali sem se mexer, observando as chamas. Ele mordia o lábio inferior com tanta força que brilhava com sangue. A chama ardia baixa como o sol se pondo. O garoto se virou e se afastou silenciosamente. Esta é a história por trás da fotografia que chocou o mundo. É mais uma, entre tantas imagens documentadas que deixam claro por que esse evento nunca deve se repetir em qualquer lugar do mundo“.
Diante do conflito deflagrado pelo grupo palestino Hamas que resulta numa reação genocida do Estado de Israel, lembrei-me de uma canção intitulada “Eu só peço a Deus”, interpretada por Beth Carvalho e Mercedes Sosa, autoria de Leon Gieco e Raul Ellwanger, (link para escutar a música ao final do artigo), que é um hino a NÃO INDIFERENÇA A DOR DO OUTRO E A INJUSTIÇA PARA COM OS QUE SOFREM POR CAUSA DAS GUERRAS E CONFLITOS QUE AINDA PERMANECEM COMO CHAGAS DE UMA PARCELA DA HUMANIDADE CADA VEZ MAIS PREOCUPADA COM A SUA PRÓPRIA RIQUEZA E PODER.
Eu só peço a Deus Que a dor não me seja indiferente Que a morte não me encontre um dia Solitário sem ter feito o que eu queria
Eu só peço a Deus Que a dor não me seja indiferente Que a morte não me encontre um dia Solitário sem ter feito o que eu queria
Eu só peço a Deus Que a injustiça não me seja indiferente Pois não posso dar a outra face Se já fui machucado brutalmente
Eu só peço a Deus Que a guerra não me seja indiferente É um monstro grande e pisa forte Toda pobre inocência desta gente É um monstro grande e pisa forte Toda pobre inocência desta gente
Fotografia 3: Palestino carrega criança no colo após ataque de Israel na Faixa de Gaza. Fotografia de Yasser Qudih/AFP.
Eu só peço a Deus Que a mentira não me seja indiferente Se um só traidor tem mais poder que um povo Que este povo não esqueça facilmente
Eu só peço a Deus Que o futuro não me seja indiferente Sem ter que fugir desenganado Pra viver uma cultura diferente
Solo le pido a Dios Que la guerra no me sea indiferente Es un monstruo grande y pisa fuerte Toda la pobre inocencia de la gente Es un monstruo grande y pisa fuerte Toda la pobre inocencia de la gente
Muito obrigado Beth Por haberme convidado para cantar para su público En esta noche en Rio de Janeiro, obrigada a você Um beijo Mercedes.
“Compreendemos os horrores da guerra, suas leis implacáveis escritas com sangue. Mas as crianças, vidas em flor, o desabrochar do desabrochar, essas santas almas inocentes, beleza da vida (…) elas, que não fizeram mal a ninguém (…) sofrem pelos pecados dos pais (…) Fomos incapazes de protegê-las da fera. O coração sangra, e o pensamento congela de horror diante de pequenos corpos banhados de sangue, com dedos retorcidos e rostinhos deformados (…) São testemunhas mudas de sofrimentos humanos indescritíveis. Esses olhos pequenos, congelados e mortos (…) censuram a nós, os vivos.” – Cpt. Pavel Kovalenko
Este conflito nos apresenta nuanças históricas que não cabe analisar neste momento, mas é preciso que não sejamos indiferentes a dor dos inocentes, sempre os inocentes… mulheres, crianças, homens, velhos ou moços, que se perdem em vida e perdem aqueles que amam… esses não desejaram uma história de invasão, usurpação de terras, conflitos e mortes.
Com muita alegria representamos a Revista Contemporartes no I Fórum de Debates do Vale do Paraíba Fluminense na Faculdade Suprema, nos dias 26 e 27 de outubro deste ano, em Três Rios/RJ. O evento foi organizado pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (PPGH/UERJ) e pelo Núcleo de Estudos das Américas (NUCLEAS/UERJ), e contou com apresentações de trabalhos de pesquisa, mesas temáticas, lançamento de dois volumes com artigos dos trabalhos apresentados, exibição de documentário e apresentações culturais que movimentaram o campus da FCM/TR.